[Teatro] Também queria te Dizer - cartas masculinas

13:00 Milena Cherubim 0 Commentários


Eu andando despretensiosamente pela Livraria Cultura e me deparo com ninguém menos que Emílio Orciollo Netto. Não aguentei me aproximei e falei "Posso te dar um beijo? Não quero te atrapalhar" ele todo simpático "claro" e além do beijo ganhei um abraço. Ele estava próximo dos caixas que os funcionários chamam de principal panfletando. Isso mesmo gente! Não basta ser ator tem que se divulgar. E veio ele com o folder da peça, que diga-se de passagem eu estava mega ansiosa pra ver, mas iria deixar pra depois, como sempre faço, e para minha surpresa ele me fala que no domingo, dia 01 de junho, era o último dia. O que eu fiz? Corri pra casa e entrei na internet para ver o preço... é minha gente, tá difícil a coisa aqui. Odeio ficar desempregada e não poder ir ao cinema, teatro ou eventos culturais. Pois perco tudo o que é bom. Choraminguei as pitangas com mamãe e fomos. Olha que pra tirar minha mãe de casa é um transtorno, porque a véia não gosta de sair. Reclama de tudo. Mas não dei chance pra ela não. Fomos almoçar na Paulista e passear.

Meu ingresso e o folder do espetáculo
Chegando na livraria foi comprar e para minha sorte ainda tinha ingresso. Lotação esgotada! Do que fala a peça? Bom não sei se vocês conhecem o livro Tudo o que eu queria te dizer da Martha Medeiros. A peça é baseada nele. Na verdade nas cartas que os homens escreveram. Aqui você encontra um Emílio sozinho, é um monólogo, no papel de um artista plástico. Contudo ele vai narrando histórias por meio de cartas e te deixando muito perplexa, essa é a palavra. 


Com 25 anos de carreira ele consegue sair de um pedido de demissão para o lamento de um jovem que causou um acidente de carro e matou seu amigo, depois para um louco que resmunga sobre a perda da mulher para o irmão. Mostrando tanta paixão pelo que faz e com isso te transportando para o mundo do artista quando por fim ele relata sua frustração ao receber uma crítica negativa de sua última exposição.

A simplicidade com que ele trata o público foi o que me cativou para ir à peça, mesmo já querendo vê-la. O carinho com que ele depois da peça abriu para perguntas e assim pude perguntar, claro que eu não ia perder a oportunidade né?, quanto tempo de preparação, por que sendo um monólogo sobre cartas além de decorar o texto tem todo um trabalho de voz, postura de palco, movimento corporal para deixar o expectador mais envolvido na peça. A resposta: "Ensaiamos por dois meses antes de começar a temporada e por 8 a 9 horas seguidas. Depois é a hora de entrar no palco e apresentar" é minha gente. Pensa que vida de ator é fácil? Essa peça só veio para São Paulo porque o Emílio conseguiu patrocínio. Originalmente ela foi apresentada somente no Rio de Janeiro com a verba que o próprio ator reuniu para apresentar. O figurino é muito simplório, calça e camiseta preta, mas o cenário é muito pertinente ao personagem. Quando acendeu as luzes a primeira coisa que vi foi um painel com o desenho do "O Grito" do pintor Edvard Munch e colagens de cartas e envelopes criando a paisagem do quadro. 

Foram 40 minutos que poderiam muito bem ser 2 horas. Nada entediante, nada exaustivo, somente um ator humilde e super talentoso no palco divertindo seu público que o aplaudiu de pé! Essa peça sai de cartaz aqui em São Paulo e vai parar por um tempo, pois Emílio casou e sairá de lua de mel, mas assim que voltar sugiro que já, pois que vale muto a pena e se eu pudesse iria novamente. Se caso voltar pra São Paulo estarei lá no primeiro dia!


Fotos: Página Também Queria te dizer


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