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Relatos sobre a maternidade


Sim, você não leu errado. Hoje o post será sobre minha experiência em ser mãe. Como você já deve ter notado eu criei várias editorias e ainda estou alimentando, por isso o blog está passando por alguns reajustes e hoje contatei a vocês sobre minha vida nesses vinte e um anos de maternidade. Vamos conhecer minha história?

Como foi ser mãe aos 15 anos?


Em novembro de 1995 eu engravidei de um namoradinho que tive na época. Sempre conversávamos sobre ter filhos e entramos em um acordo que seríamos pais. Pois naquele tempo eu com 15 e ele com 19 já sabíamos o que era amor. 

Eu tive três suspeitas de gravidez antes de dar positivo. E foi uma alegria tanto para mim quanto para ele. Mas nossas famílias não pensavam assim. Escutamos que éramos irresponsáveis, que não sabíamos nada do mundo. Escutei que deveríamos casar no papel (coisa que me neguei, moramos juntos apenas), escutei que o pai era muito jovem para ser pai e eu não? Mas havíamos feito nossa escolha. Escolhemos ter a criança. Fiz alguns ultrassons e no último ficou claro que era uma menina, mas eu não quis falar nada.

Meu enxoval foi todas as cores menos rosa! Joyce deve morrer com isso até hoje hehe Mas o motivo real de não falarmos era por conta da bisavó do pai da Joyce. A Bisa queria muito uma Joyce e nenhuma das filhas dela (tanto a oficial quanto a enteada não colocaram). Pois bem, eu decidi que se minha avó fosse viva eu faria os desejos dela, como vovó Naza não teve como conhecer sua bisneta, fiz a vontade da bisa. Mesmo porque ela sempre me ajudou e gostava mesmo de mim. 

Este foi meu último dia de gestação: 11 agosto de 1996

Não foi fácil. Lembro que quando anunciei a gravidez minha família ficou louca, a família do pai dela também, mas o que mais me doeu foi perder os amigos. Motivo? Os pais não queriam suas filhas confraternizando comigo. Eu era má influência para elas, pois poderiam pensar em ter bebês também. Apenas duas famílias continuaram a falar comigo e me tratar da mesma maneira os Bedotti e os Começanha. 

Os pais do Daniel e os pais do Dennis me conhecem desde meus oito anos e sempre me trataram da mesma forma. Quando a Joyce nasceu eles foram os primeiros fora da família a vê-la quando a levei para passear. Daniel e Dennis são meus amigos há 29 anos e continuam em minha vida até hoje. 

Então imagina aos 15 anos perder sua melhor amiga porque a mãe dela não queria deixar você perto. Ainda nos víamos, quando a mãe dela não estava em casa. Mas era sempre um risco. E logo depois ela casou e perdemos contato. Os meninos sempre falavam comigo e brincavam com a Joyce. Contudo, foi um tempo difícil. 

Eu parei de estudar porque não dava para cuidar da Joyce, da casa e do 'marido' e ainda ir estudar. Mas depois do primeiro ano dela eu voltei para terminar o colégio. E foi a melhor coisa que fiz. Ainda me sentia muito sozinha. Não é fácil ser mãe aos 15 e não ter apoio. Eu era humilhada pela família do pai dela e não respondia, guardava pra mim. Não tinha o que fazer. Não existia perspectiva de vida pra mim. Era somente cuidar da casa e da bebê.

No dia 12 de agosto de 1996 às 8h15 nasce na Maternidade Santa Joana a minha pequena lindeza. A Joyce nasceu com 4,160kg e 48cm uma cavala. E foi cesariana. Meu médico o Dr. Marcos preferiu assim. Então imagina eu entrando sozinha na sala de pré-parto para esperar a sala vagar. Gente vocês não tem noção da aflição que eu senti. 

Não tive dores, minha bolsa não furou, nada do gênero. Foi apenas agendado e pronto. Mas como tive que ficar na salinha esperando eu vi mães com a bolsa estourada, mães gemendo de dor, mães com o bebê quase nascendo, mães gritando querendo morrer outras chorando e eu ficando com medo do que me esperava na sala. Eu odeio sentir dor. Quando vi o meu obstetra chegando e falando " trouxe a cadeira de rodas pra você" eu só respondi posso ir andando, estou perfeitamente bem. Eu deu risada né. Claro, uma menina pronta pra dar a luz com medinho. Não se vê todo dia. E lá fui eu encarar a porra da anestesia. Olha, isso foi o que mais me deixou com medo. O-D-E-I-O injeção e quando vi a seringa e o tamanho da agulha... senhorrrrr tive um treco. 

Uma enfermeira parruda veio e falou assim "menina não pode se mexer, vou te segurar" eu só balancei a cabeça. Veio o anestesista e só de colocar o dedo na minha coluna eu me encolhi ele disse rindo "é só meu dedo, não mexa porque agora vou por a agulha" e quem disse que eu consegui me mexer. Se eu falar que senti a agulha me furando estou mentindo. Não senti nada, só o líquido entrando e indo para as pernas e meu médico pedindo para eu descer na posição correta.

Eu crente que iria ver minha bebê nascendo e lá vem o Dr. Marcos colocando a cortininha para eu não ver, "você vai se impressionar, não pode", aham... mas nos centros cirúrgicos existem aqueles plafons de luz que parecem espelhos e por ali consegui ver ele me cortando camada por camada, estourando a bolsa só não consegui ver a Joyce saindo, pois o anestesista estava empurrando minha barriga para ajudar a bebê a sair. 

O que senti quando ela saiu de mim? Nada. Todos falam que é maravilhoso ver seu bebê pela primeira vez, mas eu não a vi eu a reconheci de outras vidas. Ela sorriu pra mim e eu pra ela e ficamos assim por um breve tempinho até tirarem ela de perto de mim e levá-la para a pediatra. 

Eu só consegui ver minha bebê de verdade quase 12 horas depois dela nascer. Eu fiquei até às 20h na sala de pós parto porque a anestesia deu reação. eu sentia um frio que não era meu. Eu estava com quatro cobertores grossos e mais dois edredons e nada do frio passar. E quando liberaram o quarto eu já estava melhor e pude recebê-la.

Primeira fotinho da Joyce
Minha japonesinha rs Ela nasceu como eu, olhinhos miudinhos e cabelo preto. Muito cabelo. O pessoal da maternidade foram uns amores, me trataram super bem, levavam ela para mamar, me ajudavam com o banho que por causa da cesária foi necessário. E após três dias fomos pra casa.


Joyce sempre foi muito bagunceira. Trocou o dia pela noite e isso é até hoje. Se deixar prefere a noite ao dia... mas isso eu não posso brigar, temos em comum. 

Germano, Joyce e Filipi em casa aos quatro meses da Joyce
No primeiro ano dela não falava nada. Preguiçosa... Só andava. E corria para todos os lados.

Uma princesinha de azul, claro rs E o chuveirinho horroroso que minha avó fazia em mim e minha mãe fazia nela rs

Antes dela completar 3 anos eu e o pai nos separamos. Não foi fácil voltar pra casa da minha mãe. Não foi fácil escutar o que ouvi dos dois lados. Mas eu já estava um pouco mais calejada. Ainda não tinha 18 anos, estava para completar. Então imagina como foi minha vida.

Eu trabalhava em dois empregos, estudava, chegava tarde, via minha pequena por 10 minutos e a colocava na cama pra dormir e ainda tinha que cuidar da casa, fazer comida. Mas eu tinha essa riqueza comigo e valia a pena. 

Pra eu sair e aproveitar um pouco minha vida eu tinha que fazê-la dormir para sair, pois minha mãe não ficava com ela. Olhava ela dormindo, mas se precisasse ficar acordada não. A filha era minha. Aprendi isso desde que ela nasceu. Ou saía nos finais de semana em que ela ficava com o pai. 

Sempre me perguntam se foi difícil deixar a Joyce com dois anos viajar com o pai. Sempre respondo que não, porque ela não ficava com o pai. Quem sempre cuidou dela foi a bisa. Dava banho, comida, levava pra praia. Nas férias ela ia pra praia com eles e um final de semana eu ia ficar com ela e no outro o pai. Minha convivência com ele sempre foi difícil depois da separação. 

Ele resolveu que queria aproveitar a vida, conhecer outras pessoas. Ele era novo e tal. Eu entendia. Da mesma maneira que ele tinha o direito de refazer a vida eu também tinha e isso era motivo para mais e mais brigas, gritarias (sim, nenhum dos dois sabia falar baixo) e muitos xingamentos. E como fica a criança no meio disso tudo? Querendo que seus pais ficassem juntos. A Joyce só entendeu o motivo de eu não estar mais com o pai dela depois de muitos anos, quando ela já tinha uns 12 ou 13 anos. 

Foi uma fase complicada, pois eu morei com um rapaz que era bonzinho pra mim e para ela. Ela gostava bastante dele, mas infelizmente não deu certo também. Por motivos de ciúmes do pai dela. Ele achava que eu iria voltar para ele. O que estava fora de cogitação. Mas a vida é assim. Pessoas entram em nossas vidas por tempos determinados. Se irão permanecer por mais tempo só depende delas. 

Em nenhum momento eu tive que escolher entre minha filha e algum homem e, se isso tivesse acontecido coitado do homem que fizesse essa proposta.

Ter filha adolescente é difícil, é muito complicado, pois os ataques de neuras não são os mesmos que você teve. Eu assisti um seriado quando eu era criança e sempre falei que quando eu tivesse minha filha seria igualzinho. Sim, Gilmore Girls. E realmente eu tive isso com a Joyce. 

Primeiro evento literário que ela foi comigo
 Era minha companheira de eventos quando a minha prima não podia ir comigo. Eu sempre carregava ela. Seja por conta de um castigo (sim, ela odiava ir comigo e isso se tornava um 'castigo' melhor que tirar tv dela). 

Tomando açaí, uma das coisas que amamos

Ser mãe não foi fácil. Mas é extremamente lindo. Lembro de quando ela tinha uns 10 anos e iria mudar de colégio, entrou no meu quarto chorando de soluçar. Eu estava lendo e perguntei o que foi ela nem conseguia falar. Não queria mudar de colégio por causa de um menino que ela 'amava'. "Mãe eu amo ele, nunca mais vou amar ninguém". Dramática não é mesmo? O que eu podia fazer, dei colo e ria horrores. Aí expliquei que ela iria amar muito mais. Que em nossa vida passam-se vários amores e enxugando as lágrimas ela falou tá bom, mas eu ainda vou amar ele. 

Um dia das mães qualquer ai. Joyce, eu e minha mãe

Outra coisa que me lembro foi um dia que estávamos em uma perfumaria e ao passar por uma prateleira ela viu camisinhas e me perguntou o que era, pra que servia. E lá foi eu toda didática explicar pra ela, deveria ter uns 12 anos por aí. E uma senhorinha bateu no meu ombro e brigou comigo! Gente ela brigou comigo porque eu estava explicando como se usar e o motivo de se usar. Para né! Imagina a minha cara de feliz e a resposta que eu dei para essa senhora intrometida.

Último evento que ela foi comigo

Hoje ela completa 21 anos. Entra na maioridade. Já não mora comigo há uns 3 anos. Morou por seis meses com o namoradinho, depois com a bisa e decidiu que iria morar sozinha e lá foi ela dividir o aluguel com um amigo. Foi difícil vê-la sair de casa? Foi. Muito. Por que ela era minha companheira de filmes e séries. 

Assistindo alguma coisa rs

Ela sabe que sempre pode contar comigo. E às vezes ela vem pra falar e não quer ser repreendida, mas acaba levando uma na orelha, porque sou amiga, mas sou mãe e se vejo algo errado tenho o dever de orientar e é o que faço até hoje. Sempre mando mensagem pra ela "tá viva?" ela responde sim... e assim vai.

Minha praga

Muitas vezes me perguntaram se eu me arrependia de ter ela. Não. Jamais me arrependi. Por mais perrengue que passei ela foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida.

Casamento da Pri
Filha hoje você completa mais uma primavera. Que seu jardim seja repleto de flores, jamais se esqueça que esse jardim precisa ser regado e amado para florescer forte e viçoso. Te desejo amor, luz, juízo, felicidade, saúde e o resto você conquista. Aproveite muito essa nova etapa de sua vida minha praguinha. 

Meu amor maior