A Canção de Aquiles
Título Original: The
Song of Achilles
Autor: Madeline Miller
Tradutor: Gilson César Cardoso de Souza
ISBN: 978-85-64850-33-0
Gênero: Ficção – Literatura
norte-americana
Páginas: 392
Editora: Jangada
Nota: 5/5
Estante: Skoob
Sinopse:
Baseada na Ilíada, esta obra é uma reconstituição da épica Guerra de Troia. O tímido príncipe Pátroclo é exilado no reino de Fítia, onde cresce à sombra do rei Peleu e de seu extraordinário filho, Aquiles. Apesar de suas diferenças, os meninos logo se tornam companheiros inseparáveis. Os laços entre eles se aprofundam à medida que se tornam adolescentes e hábeis nas artes da guerra e da medicina – para desagrado e irritação da mãe de Aquiles, Tétis, uma cruel deusa marinha que odeia os mortais. Quando se espalha a notícia de que Helena de Esparta foi raptada, os homens da Grécia, ligados por um juramento de sangue, têm de partir para invadir Troia e salvar Helena. Seduzido pela promessa de um destino glorioso, Aquiles junta-se à causa. Pátroclo, dividido entre o afeto e o temor por seu amigo, acompanha-o. Mal sabem eles que os deuses do destino os colocarão à prova como nunca antes, exigindo deles um terrível sacrifício.
Comentários:
Começo
dizendo que o livro é extremamente emocionante. “Duas sombras se aproximam em meio à treva densa e eterna. Suas mãos se
encontram e a luz jorra num dilúvio como se fossem centenas de urnas entornadas
do céu.” Eu recebi de parceria com a Editora
Jangada e não me arrependo em nada. Lendo lembrei-me das aulas de história
que tive na escola, de como meu professor Mosca, sim essa assim que o
chamávamos, falava com entusiasmo sobre a guerra de Tróia. Madeline Miller me deixou comovida pela narrativa apaixonada de
Pátroclo.
Em
A Canção de Aquiles podemos reviver
os tempos de Aquiles, um semi-deus. Nascido de uma deusa menor, uma ninfa, com
um humano. Um rei, Peleu. Esse rei deveria tomá-la a força e com isso ela teria
seu filho e ele seria uma lenda.
Quem
não conhece a história de Aquiles? Todo mundo. Claro que a lenda sobre o
calcanhar é ficção, Aquiles era um homem e homens sagram. Só que o garoto era
muito ágil, muito forte, muito inteligente e assustava seus combatentes.
A
história é narrada por Pátroclo. O príncipe foi exilado devido a uma morte
causada sem querer, por um empurrão o filho de outro rei morrera e seu pai tinha
duas opções ou deixar que o rei matasse, estuprasse e barbarizasse suas terras
ou exílio ao homem que causou a morte do seu herdeiro. E claro que o pai
preferiu o exílio. O filho não era o que ele esperava, portanto não ficou
triste com a partida.
Tenho
que falar que me comovi com a história de Pátroclo. Ele era gentil, amoroso,
inteligente, mas não era forte e guerreiro. E naquela época era só o que era
respeitado. Seu exílio foi em Fítia, casa de Aquiles, e com isso apareceu nosso
protagonista. Será? Os meninos tinham em torno de 9 anos quando se conheceram. Fora
Pátroclo, o rei Peleu, tinha vários ‘filhos’ adotivos. Todos exilados, que
comiam, treinavam e seriam um guerreiro quando crescessem.
Aquiles
nunca era visto treinando. Ele era um deus. O melhor de sua raça. Ele se
bastava. Só que Pátroclo chamou sua atenção. Sim, eles tinham uma relação de
marido e mulher. Sim, eles eram um casal. Não, isso não me incomodou em nada. Claro
que visualizei as cenas com o Brad, não teve jeito. Aquiles sendo gay ou não
foi um herói. Foi uma lenda e isso naquela época fora questionado. O seu não apetite
por mulher. Só que Aquiles teve um filho. Pirro, ou melhor, Neoptólemo, era
filho de Aquiles e Deidâmia. Um pirralho muito chato, sem noção nenhuma.
Madeline
narra à história de como Pátroclo e Aquiles se conheceram, como viveram e como
lutaram até seus últimos dias. O legal é ver a cumplicidade, o carinho, o
afeto, o remorso, a raiva, o amor que eles têm por eles mesmos e pelos outros.
Quíron, o centauro, os ensina medicina e rastreio. Eles vivem por três anos com
ele e suas praticas nada convencionais e isso os ajudam bastante.
Lembrando
que esse livro é um romance. Uma ficção. Claro que tem dados reais. A autora
buscou a história e relatos que conseguiu achar com a ajuda da Brown University
e fez esse livro que demorou DEZ
anos pra ser concluído.
Separei
algumas passagens que gostaria de compartilhar com vocês.
– Sim. Porém ele não
teve culpa. Esqueci-me de dizer que o queria para meu companheiro. – Therapn foi
o termo que empregou. Um camarada de armar ligado a um príncipe por juramento
de sangue e por afeto. (pág. 44)
– Acho isso muito pouco
provável – brinquei.
Levantei-me e
estendi-lhe a mão. Ele a segurou e se levantou também. Nossas túnicas estavam
sujas e meus pés formigavam um pouco por causa do sal que secara sobre a pele.
– Havia figos na
cozinha.
– Eu vi – disse ele.
Tínhamos apenas 12
anos. Jovens demais para que algo nos inquietasse durante muito tempo.
– Aposto que comerei
mais que você.
– Então corra!
Eu ri. E corremos.
(pág. 66)
Posso sentir seu
cheiro. Os óleos que ele usa nos pés – romã e sândalo; o sal de seu suor puro;
os jacintos sobre os quais nós caminhamos – cujo aroma aderiu aos nossos
tornozelos. (pág. 71)
Devagar, como se
quisesse fugir à minha própria vigilância, minha mão deslizava para o meio das
coxas. Era vergonhoso aquilo que eu fazia e mais vergonhosos ainda os pensamentos
que o ato despertava. Mas pior seria que me ocorressem no interior da gruta de quarto-rosa,
com Aquiles ao meu lado. (pág. 103)
– Menelau hospedou
embaixadores enviados pelo rei Príamo de Tróia. O chefe era o filho de Príamo,
o príncipe Páris, e foi ele quem cometeu o crime. Tirou a rainha de Esparta de
seu quarto enquanto o rei dormia. (pág. 121)
– Pátroclo. – geme ele
– Pátroclo. Pátroclo. – O meu nome é repetido até não passar de um murmúrio. Ali
perto, Odisseu se ajoelha, pedindo comida e bebida. Uma cólera incontida invade
Aquiles e ele quer matá-lo ali mesmo. Mas para isso precisaria se afastar de mim.
Não pode. Abraça-me tão estreitamente que sinto o arquejar de seu peito, leve
como o bater das asas de uma mosca. Um eco, a última fagulha de espírito ainda
ligada ao meu corpo. Um tormento. (pág. 348)
Ok,
foi bastante citações que separei, mas não me contive, esse livro que deixou catatônica
por algumas horas. Não conseguia parar de pensar. De lembrar. De viver aquele
momento. Espero que tenham gostado e nem preciso dizer que super indico esse
livro, né!
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