Umbigo sem Fundo

21:03 Unknown 1 Commentários

Título Original: Bottomless Belly Button
Autor: Dash Shaw
Tradutor: Erico Assis
Gênero: Drama/Comédia
Páginas: 720
Editora: Quadrinhos na Cia.
Nota: 5/5
Estante: Skoob
Onde comprar: Saraiva / Cultura / Submarino









Sinopse:Casados há quarenta anos, Maggie e David Loony decidem se separar. Vivendo isolados numa casa de praia, afastados dos filhos, os dois anunciam que não se amam mais. A notícia inesperada é motivo para a família se reunir depois de muito tempo, e pela última vez.
Como fantasmas se arrastando silenciosamente pela casa, Maggie e David não amenizam o sofrimento dos filhos com desculpas ou explicações; apesar da dor escancarada, estão convictos sobre o divórcio.
Dennis, o mais velho, inicia uma procura alucinada por pistas que o ajudem a entender os motivos da separação. Passa os dias revirando baús empoeirados, arrastando-se por túneis escondidos pela casa e decifrando cartas antigas trocadas pelos pais. Na tentativa de encontrar respostas para suas angústias, ele se vê obrigado a refletir sobre seu próprio casamento.
Claire, a filha do meio, aceita com calma a separação. No entanto, essa aparente tranquilidade esconde uma mãe temerosa, aflita com tudo que diz respeito à filha, Jill. Os dias na casa da infância servirão para que ela se reaproxime da adolescente.
É o caçula, Peter, no entanto, quem melhor representa o lado disfuncional da família Loony — os "Loony Buraco Negro", em que "cada membro é uma entidade flutuante e separada dos outros membros". Solitário, ele se considera o "clichê do caçula", um estranho para o resto da família. Retratado como um sapo, vive numa luta infinita contra a insegurança paralisante.

Comentários:


Confesso que embora tenha adquirido Umbigo Sem Fundo há um tempo considerável, o volume ficou alguns meses parado em minha estante antes de eu decidir conferi-lo. Algo que considero um grande engano, já que praticamente devorei as 720 páginas da graphic novel em questão de um dia (contraponto o pedido do autor para que você faça uma pequena pausa entre a leitura de cada capítulo).
Apesar de se tratar de uma história envolvendo uma família “disfuncional”, Dash Shaw não tenta fazer essa “disfuncionalidade” o ponto principal da trama, mas sim a maneira como os diferentes personagens interagem entre si — expondo no processo problemas de relacionamento, inseguranças e dúvidas que o próprio leitor nutre, jogando para escanteio conceitos de “normalidade” que nos são expostos a cada dia.
Embora a separação dos pais da família Loony seja o ponto central da trama, não é somente isso que carrega o volume. Cada um dos filhos desse casamento de 40 anos possui sua própria subtrama que se relaciona de alguma maneira com a revelação do divórcio: Dennis, o mais velho, tem problemas para lidar com o fato de que sua vida não é tão perfeita e certa quanto ele imaginava, o que inclui seu próprio casamento.
Claire, que conta com o arco mais curto da trama, mostra que não conseguiu superar o final de seu próprio casamento, algo que pode ter afetado a relação que ela tem com sua própria filha, na qual vê refletida a imagem de seu ex-marido. Já Peter é o que parece mais deslocado do acontecimento principal, se distanciando de sua família para descobrir os prazeres e as dificuldades que o relacionamento amoroso com outra pessoa pode trazer.
Não é preciso necessariamente ter vivido as mesmas situações pelas quais os protagonistas passam para compreendê-los, e é justamente aí que reside a força da obra. Através de uma arte constituída por traços simples, Shaw consegue montar personagens absurdamente humanos, belos tanto por sua complexidade única quanto pelo fato de que poderíamos encontrá-los em um passeio pelo mercado ou morando na casa ao lado da nossa.
Umbigo Sem Fundo é daquelas obras que captam a atenção a cada segundo, e da qual não é possível sair sem ao menos questionar um pouco de sua vida e das decisões que você tomou até hoje. Especialmente recomendado para fãs de quadrinhos alternativos, a obra merece um lugar na prateleira de qualquer apreciador da boa literatura.



Um comentário:

  1. O nome é show....me lembra um saudoso blog por qual tinha carinho gigante.......

    ResponderExcluir