Como Eu Era Antes de Você

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Título Original: Me Before You
Autor: Jojo Moyes
Tradutor: Beatriz Horta
ISBN: 978-85-8057-329-9
Gênero: Ficção Inglesa
Páginas: 318
Editora: Intrínseca
Nota: 5/5
Estante: Skoob
Onde comprar: Saraiva / Cultura / Submarino / Amazon






Sinopse: Lou Clark sabe uma porção de coisas...

Ela sabe quantos passos separam sua casa do ponto de ônibus. Sabe que adora trabalhar como atendente em um café e sabe que provavelmente não ama seu namorado, Patrick.
O que Lou não sabe é que está prestes a perder o emprego, e que isso a obrigará a repensar toda sua vida.
Will Traynor, por sua vez, sabe que o acidente com a motocicleta tirou dele a vontade de viver. Ele sabe que o mundo agora parece pequeno e sem graça, e sabe exatamente como vai dar um fim a tudo isso.
O que Will não sabe é que a chegada de Lou vai trazer de volta a cor à sua vida. E nenhum deles desconfia de que esse encontro irá mudar para sempre a história dos dois.




Comentários:

Bonjour Anges!!

Hoje na nossa “Pilha do Anjo” trago uma das resenhas mais difíceis de fazer de todo o meu histórico de leitura. Comecei e parei várias vezes, pois temia demais esse momento, como se fosse um encerramento de tudo o que senti. Mas, antes de falar qualquer coisa sobre essa leitura, tenho que avisar que mesmo evitando grandes spoilers, dessa vez, a minha experiência de leitura acaba entregando o final da história. Então, se não curte spoiler e quer viver a experiência do livro com todas as surpresas, recomendo a leitura dessa resenha apenas após a leitura do livro.


Desde que “Como Eu Era Antes de Você” (CEEADV) foi lançado eu escuto falar sobre ele. Sua capa simples e fofa já havia chamado minha atenção e o titulo era bem instigante, mas por um bom tempo nem a sinopse do livro eu li. Era um daqueles livros que entram na lista de desejos, mas que sempre é deixado para depois.

Então, um dia, o grupo no Whats App das garotas que conheci no dia em que a Sylvia Day esteve no Brasil, comentava muito sobre esse livro. Comentaram tanto que pela primeira vez fui dar uma olhada na sinopse, e fugi do livro como o diabo foge da cruz. De cara já imaginei o drama e tinha medo de sofrer e ter uma recaída na minha depressão.

Foi então que a Quedma, uma amiga minha desse grupo, disse que estava fugindo de ler o romance mais famoso do “João Verde” – “A Culpa é das Estrelas” (ACEDE) – e isso me deixou encucada, afinal, quem me conhece, sabe que amo a história de ACEDE e tenho uma ligação especial com ela. E foi nesse momento que propus um desafio: se a Qued lesse ACEDE eu encararia CEEADV. E a Qued, corajosa, topou esse desafio.

Isso me empolgou, pois eu poderia acompanhar a leitura dela e trocar as experiências, e ela faria o mesmo comigo, já que ela já havia lido CEEADV. Isso foi em fevereiro, bem na época em que acabei caindo da escada no trabalho e machucando o pé, acabando de atestado... Achei que já daria pra encarar a leitura nessa época, mas algumas parcerias exigiu minha atenção antes e de bom grado enrolei um pouco pra começar, pois estava com medo. Mas, não poderia fugir pra sempre... E foi assim que começou uma das experiências de leitura mais incríveis da minha vida

CEEADV conta a história de Louisa Clark — ou Lou — que tem 26 anos, tem um namorado — Patrick — que parece muito mais interessado em seus projetos de corrida que em qualquer outra coisa, eles não parecem ter muito em comum e isso não parece incomodar a nenhum dos dois, trabalha como garçonete em um café e mora na casa dos pais. Além disso, Lou é uma jovem bonita, conformada com tudo o que tem e com um gosto bem peculiar por roupas.

Conta também a história de Will Traynor, que tem 35 anos e, antes de sofrer um acidente que o deixou tetraplégico, preso a uma cadeira de rodas, ele era bem sucedido em sua carreira, gostava de viajar e praticar esportes, principalmente os radicais como paraquedismos, bung jump, canoagem, escalada, entre outros.

Quando o café em que Lou trabalhava fecha as portas ela começa a procurar outro emprego. Ela vai até uma agência e nada lhe parece muito apropriado, pois suas poucas qualificações acadêmicas deixam as opções bem restritas. Mas ela acaba aceitando o emprego para ser cuidadora de Will. O relacionamento dos dois não é fácil no começo. Depois do acidente, Will não vê mais graça na vida. Ele detesta a sua atual condição e direciona grosserias a qualquer pessoa de seu convívio. Ficou amargo com o sentimento de estar vivendo sem propósito.

Não foram poucas as vezes em que Lou desejou abandonar o emprego. Por não saber lidar com a indiferença e grosseria de Will. Mas ela persiste e, com o tempo, a convivência entre eles vai ficando mais fácil, mais agradável. Antes eles apenas se suportavam, Lou fazia o seu trabalho e ponto final, mas depois a relação ali existente vai muito além de trabalho, pois existe um real interesse na vida do outro.

Tudo ia bem, até que Lou descobre que sua função não é bem só o de cuidadora como foi contratada. Ao ouvir sem querer uma conversa entre a mãe e a irmã de Will, ela descobre que seu contrato de trabalho é limitado em apenas seis meses, pois Will fez a família prometer que ao final desse período o levaria para a Suíça, onde se internaria na clínica Dignitas – um lugar onde acontecem suicídios assistidos. E é ai que a trama realmente começa, pois Lou toma para si a missão de mostrar para Will a beleza da vida. Será que a jovem com seu jeito doidinho conseguirá fazer com que Will mude de ideia?

Acho que a primeira coisa a se falar sobre essa leitura é sobre o fantasma que paira entre todos os personagens: a clínica da morte. Dignitas é uma clinica de suicídio assistido localizado em Zurique, na Suíça. Foi fundada em 17 de maio de 1998 e dispõe da legislação local a seu favor, o que atraí pacientes do mundo todo. Tem como lema "Para viver com dignidade – de morrer com dignidade". Eles têm uma estrutura de prevenção ao suicídio, mas quando o paciente realmente deseja o seu fim eles então fornecem o quarto, uma dose de anti-emético (para evitar vômitos) e uma overdose de Nembutal (pentobarbital) dissolvido em suco de frutas, o que gera sonolência, induz ao coma e em seguida provoca uma parada respiratória e morte (ser rasgando seda por ser farmacêutica).

Eu nunca havia ouvido falar dessa organização e pra mim, apesar de tudo, foi meio um choque. Me senti meio perdida ao imaginar que nesse instante várias pessoas com doenças terminais, problemas mentais ou como o Will estariam internados nessa clinica para seus momentos finais. Isso gerou um nó no peito, um na garganta... E abriu a questão: é direito mesmo de cada um escolher a hora em que quer terminar com a vida? Há mesmo algo capaz de apagar qualquer brilho de se viver?

Will em sua nova condição enxerga o mundo com novos olhos. Mas, diferente do que ele aparenta, não são olhos egoístas. Will, sendo o homem extremamente ativo que era, agora sendo obrigado a estar parado, longe de sua essência começou  dar valor para o que tinha antes. Ele sabia que vivia sua vida intensamente. E agora, analisando a pessoas ao seu redor, ele repara que nem todos vivem assim. E ao conhecer a Lou, ele decide acordá-la para a vida, despertar nela o interesse por coisas novas, para que a visão dela se amplie para as possibilidades. Possibilidades essas que Will já não enxerga para si próprio.

E essa é a maior lição do livro. Ele no faz pensar no que temos, nos faz ver a vida com olhos mais simples, mais gratos, mais intensos. Desperta o desejo do leitor em deixar de sobreviver ao dia-a-dia e passar a viver realmente. E ser grato.

Uma das passagens mais tocantes é quando a Lou começa a pesquisar opções do que fazer para animar Will e fazê-lo desejar viver. Nessa pesquisa ela acaba entrando em contato com uma comunidade na internet onde tetraplégicos, familiares, amigos e cuidadores se comunicaram. E é nesse momento que finalmente podemos ver o que realmente se passa na cabeça do Will. É nesse momento que percebemos o quanto as pessoas saudáveis que cercam essas pessoas que perderam tudo são egoístas, pois pensam apenas em si mesmos, querendo prender a pessoa, não enfrentar a perda, sem realmente enxergar a verdade sobre o qual ela está passando. Desse momento em diante, não consegui conter muito as lagrimas. E isso foi apenas o começo do caminho...

O livro também nos mostra como uma pessoa pode aparecer na nossa vida por acaso e proporcionar muitas mudanças, mesmo que, talvez, a princípio, a gente não queira deixar que ninguém interfira na nossa rotina. Que mude algo que estamos acostumados e que consideramos adequado. E acima de tudo, a importância de saber aceitar que, por mais que o outro permita que entremos em sua vida, o que nós podemos fazer é lhe apresentar novas opções, novas perspectivas, dar apoio, incentivo... Mas a decisão real, o que fazer, como agir, só cabe a cada um de nós.


Essa é uma historia de esperança, que incentiva a seguir em frente e lutar pra ser e fazer as pessoas que entraram no seu circulo de convivência feliz. É uma historia sobre perda, sobre não ter poder de escolha. Uma historia que instiga a sermos criativos e descobrirmos as opções que nos são disponíveis.
Apesar da história ser centrada no Will e a Lou, os personagens que os cercam também chamam muito a atenção. E um dos que mais se destaca é Nathan, o enfermeiro de Will.

Tem também os pais de Will, Camilla e Steven, um casal conturbado, que ja não tem mais sintonia e só está junto por conta da luta em manter o filho com vontade de viver. Camilla é uma mulher rigida, fria, uma juiza de renome. Steven trabalha no castelo em frente à sua casa que é o maior ponto turistico da pequena cidade.

Ao contrario do casal Traynor, Josie e Bernard Clark são um exemplo de união e amor. Um casal barulhento e divertido. Bernard é carpinteiro, anda meio frustrado com a iminencia da perda do seu trabalho. Ja Josie é uma perfeita dona de casa, cuida do avô de Lou, que sofreu um derrame e precisa de cuidados.

Katrina é a irmã mais nova de Lou. Tem um filho de 5 anos e é a pessoa com mais estudo na familia. Sempre atraindo o olhar se todos para si, o que fez com que Lou fosse a conformada filha sem grandes qualidades. Katrina acaba sendo peça fundamental na vida da Lou, um suporte inesperado - apesar das brigas fraternais constantes.


Enquanto eu lia nos transportes públicos da vida ou onde trabalho as pessoas deviam achar ou que eu era louca ou retardada, porque de dez em dez minutos eu fechava o livro e gargalhava feito uma hiena e no momento seguinte já estava com os olhos cheios de lágrimas. Mas, essa leitura foi uma intensa viagem de montanha-russa, com cenas hilárias, capazes de quebrar qualquer clima tenso.

Esse livro é um belo romance, uma história de amor daquelas marcantes. Mas, mesmo assim ficou um gostinho amargo na boca, pois apesar de entender o lado dele eu queria que apenas uma coisa ali tivesse acontecido diferente. Seria tão lindo ele ficar com a Lou. Queria que ele tivesse dado mais um tempo. Mas, ele quis dar asas pra ela. E fato consumado, isso foi a maior prova de amor. Então ao contrario do que muitos pensam, esse não é um livro triste. Com toda essa riqueza de sentimentos e emoções, esse final foi feliz. Foi lindo!

Se pararmos para pensar: quantos “Wills” há no mundo sem a sorte de achar uma “Lou”? E mais, nem sempre a tetraplegia é literalmente física... Muitas vezes é emocional. Por isso reforço, o final desse livro foi extremamente feliz.

Recomendado por minha amiga Luana – do mesmo grupo no Whats App – irei assistir ao filme “Mar Adentro”, onde conta a história de um tetraplégico que decide morrer. E não tem como não ligar uma historia na outra e quase morrer de chorar só de pensar... De novo.


E falando em filme, eis uma novidade, no site da Editora Intrínseca deram a super noticia de que CEEADV irá virar filme. Os roteiristas do filme são os mesmos de “A Culpa é das Estrelas” – que estreia agora dia 5 de junho no Brasil e promete MUITAS lágrimas – e 500 dias com ela. Então, logo, poderemos acabar com caixas e mais caixas de lencinhos em frente à telona.
Quedma, minha linda amiga, obrigada por aceitar esse desafio. Essa leitura enriqueceu minha vida e hoje sou uma pessoa um pouco melhor do que era antes de mergulhar nessa historia. Se uma pessoa que não gosta de ler vive apenas uma vida e um leitor vive várias, posso dizer que já sou eterna, mas isso não seria nada se eu não tivesse com quem compartilhar. Agradeço aos amigos – de carne-e-osso e de papel – que os livros me deram.

Então, caros Anges, assim como me desafiei, desafio vocês. Abram seus leques de opções, não limitem seus horizontes. E se rendam a essa leitura que com certeza o tocará profundamente.

Alguns ainda me perguntaram se é um livro triste. E como tentei mostrar nessa resenha, discordo completamente. Sim, eu choro ao lembrar dessa historia. Choro ao lembrar do Will. Choro ao lembrar as lições que a Lou aprendeu. Mas, choro principalmente de felicidade e gratidão. "Como Eu Era Antes de Você" é uma daqueles livros de leitura obrigatória. Então, boa leitura!


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