A cor do leite

22:53 Milena Cherubim 0 Commentários

Título Original: The Colouro of Milk
Autor: Nell Leyshon
Tradutor: Milena Martins
ISBN: 978-85-286-1581-4
Gênero: Ficção Inglesa  
Páginas: 208
Editora: Bertrand Brasil
Nota: 4/5
Estante: Skoob
Onde comprar: Saraiva / Cultura / Submarino

Sinopse: em 1831, uma menina de 15 anos decide escrever a própria história. Mary tem a língua afiada, cabelos da cor do leite, tão brancos quanto sua pele, e leva uma vida dura, trabalhando com suas três irmãs na fazenda da família. seu pai é um homem severo, que se importa apenas com o lucro das plantações. contudo, quando é enviada, contra a sua vontade, ao presbitério para cuidar da esposa do pastor, Mary comprovará que a vida podia ainda ser pior. sem o direito de tomar as decisões sobre sua vida, Mary tem urgência em narrar a verdade sobre sua história, mas o tempo é escasso e tudo que lhe importa é que o leitor saiba os motivos de suas atitudes. a cor do leite apresenta a narrativa desesperada de uma menina ingênua e desesperançosa, mas extremamente perspicaz e prática. escrito em primeira pessoa e todo em letras minúsculas, o texto possui estrutura típica de quem ainda não tem o pleno controle da linguagem. a jovem narradora intercala a história com suas opiniões, considerados por alguns críticos os trechos mais angustiantes da obra. · “Se a cor do leite começa narrando a rotina simples e calma da vida rural na Inglaterra do século XIX, aos poucos, letra a letra, a história toma força, revelando todo o potencial de uma menina e de sua vida destruída pelas piores falhas humanas.” – The Telegraph · “Um livro sobre o abuso de poder e a supremacia masculina. O projeto ambicioso de Nell Leyshon demonstra um poder imaginativo singular.” – The Independent

Comentários:
O que falar desse livro? É forte. É um assunto tenso. É um primor. Gente sério eu amei esse livro. Imagina a época de 1830 onde as mulheres não serviam para nada a não ser procriar. Imagina uma família que o infeliz do fazendeiro teve quatro filhos. Todos do sexo feminino. Isso mesmo caro leitor. O fazendeiro teve somente mulheres e a última filha, a Mary, era ‘defeituosa’. Tinha uma perna com problema.

E a história quem conta é a própria Mary. Isso mesmo. A menina aprendeu a ler e assim pode escrever sua própria história para que conhecêssemos. Ela era muito esperta. Seu pai não gostava dela. Só que a coitada era a que mais trabalhava. E Mary vai narrando sua história. Ela conta tudo. Desde suas tarefas na fazenda, o amor por seu avô inválido até a sua venda para o pastor da igreja.
Só que Mary era diferente e não por sua perna defeituosa. Ela era muito branca e seus cabelos eram brancos da cor do leite. Sim! Daí vem o nome do livro hehe. A mulher do pastor tinha uma saúde muito frágil e seu marido a contratou para ser ama de sua mulher. Mas imagina que maravilha... a coitada não recebia nada. Motivo? Seu pai pegava todo o dinheiro e revertia em melhorias para a fazenda.
Mesmo sendo melhor para ela na residência do pastor, ela sentia falta da fazenda, dos afazeres, do seu avô. E claro que tentou fugir, mas não resolveu muito. Seu pai levou-a de volta.
A mulher do pastor gostava muito da menina. E Mary ajudava no que precisava. Até que a mulher morre. O filho do casal vai pra faculdade. O pastor manda os empregados embora e só resta Mary e o pastor. Ai que a vida da menina melhora e piora.
Melhora porque ela aprende a ler e escrever. E piora, pois a partir desse momento ela é abusada. Não que na casa do pai fosse diferente. Só que na fazenda ela apanhava. Somente isso, sei que muitos vão falar "poxa Milena, somente isso? Isso é muita coisa já" Eu sei caro leitor, mas quando você ler vai entender o que eu quis dizer com o somente. Já na casa do pastor...
É um livro tenso. Com uma narrativa muito peculiar. Repetitivo, pois a Mary está aprendendo a escrever e narra sua história e o final, é aquele final, que torcia firmemente. Só que com algumas ressalvas, claro rsrs

Curioso? É pra ficar mesmo. Esse livro é uma aposta certa de uma leitura rica, com cenas de novela. Lembra um pouco de 12 anos de escravidão, de Solomon Northup, das descrições de sua vida, o que sofreu, o que foi divertido. Vale a pena conhecer a história dessa menina de 15 anos que, pra mim, foi uma heroína.


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