[Vintecinco Versos #4] Ismália

13:00 Daniele Vintecinco 0 Commentários



Esse mês venho trazer um poema que me encantou desde a primeira vez que o li e que até hoje me traz sentimentos profundos, decorei alguns de seus trechos e o escrevi em vários lugares, e agora quero mostrá-lo para mais pessoas, então hoje trago Ismália. Obra de Alphonsus de Guimaraens, o poema vai tratar de modo sutil e delicado um dos temas que acho muito interessante: a loucura e como se perder nela, além de contar também com as dualidades entre o corpo e alma e a vida e a morte. 

Ismália

Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...

E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...

Alphonsus de Guimaraens (Ouro Preto, 24 de julho de 1870 — Mariana, 15 de julho de 1921). Seu primeiro livro de poesia, Dona Mística, foi publicado em 1899, ano em que também saiu o “Setenário das Dores de Nossa Senhora. Câmara Ardente”. Em 1902 publicou “Kiriale”, sob o pseudônimo de Alphonsus de Vimaraens. Sua “Obra Completa” foi publicada em 1960. Considerado um dos grandes nomes do Simbolismo, e por vezes o mais místico dos poetas brasileiros, Alphonsus de Guimaraens tratou em seus versos de amor, morte e religiosidade.




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Na estação de metrô Paraíso, aqui em São Paulo, o poema está pintado em uma das paredes e disponível para todos que passam por essa estação (e é muita gente rs)


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