[Vintecinco Versos #11] Solitário

20:35 Daniele Vintecinco 0 Commentários




E no Vintecinco Versos desse mês pensei em destacar uma data que rende versos lindos e sombrios, o Halloween. 

Com isso fui buscar em um dos poetas brasileiros mais conhecidos por seus versos soturnos, densos e diretos, repletos de palavras pesadas e fortes. O impacto de sua obra não está no terror fantástico, mas na crueza com que esse poeta tratava a realidade. Com todas essas características em sua poesia Augusto dos Anjos traz o clima nebuloso que quis para esse post. 


Solitário

Como um fantasma que se refugia 
Na solidão da natureza morta, 
Por trás dos ermos túmulos, um dia, 
Eu fui refugiar-me à tua porta!

Fazia frio e o frio que fazia
Não era esse que a carne nos contorta...
Cortava assim como em carniçaria
O aço das facas incisivas corta!

Mas tu não vieste ver minha Desgraça!
E eu saí, como quem tudo repele, 
- Velho caixão a carregar destroços -

Levando apenas na tumba carcaça
O pergaminho singular da pele
E o chocalho fatídico dos ossos!


Augusto dos Anjos (20 de abril de 1884 — 12 de novembro de 1914) Por trazer diversas características em sua poesia é difícil classificá-lo nas escolas literárias, podendo ser considerado simbolista, parnasiano ou pré-modernista.  Ingressou na escola de Direito em 1903, casou-se com Ester Fialho em 1910. Exerceu o magistério e mudou-se para o Rio de Janeiro. Faleceu aos 30 anos devido à pneumonia. 


0 comentários: