[Vintecinco Versos #11] Solitário
E no Vintecinco Versos desse mês pensei em destacar uma data que rende versos lindos e sombrios, o Halloween.
Com isso fui buscar em um dos poetas brasileiros mais conhecidos por seus versos soturnos, densos e diretos, repletos de palavras pesadas e fortes. O impacto de sua obra não está no terror fantástico, mas na crueza com que esse poeta tratava a realidade. Com todas essas características em sua poesia Augusto dos Anjos traz o clima nebuloso que quis para esse post.
Solitário
Como um fantasma que se refugia
Na solidão da natureza morta,
Por trás dos ermos túmulos, um dia,
Eu fui refugiar-me à tua porta!
Fazia frio e o frio que fazia
Não era esse que a carne nos contorta...
Cortava assim como em carniçaria
O aço das facas incisivas corta!
Mas tu não vieste ver minha Desgraça!
E eu saí, como quem tudo repele,
- Velho caixão a carregar destroços -
Levando apenas na tumba carcaça
O pergaminho singular da pele
E o chocalho fatídico dos ossos!
Augusto dos Anjos (20 de abril de 1884 — 12 de novembro de 1914) Por trazer diversas características em sua poesia é difícil classificá-lo nas escolas literárias, podendo ser considerado simbolista, parnasiano ou pré-modernista. Ingressou na escola de Direito em 1903, casou-se com Ester Fialho em 1910. Exerceu o magistério e mudou-se para o Rio de Janeiro. Faleceu aos 30 anos devido à pneumonia.
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