Eric Novello – Ninguén nasce herói
Hoje, dia 05 de julho de 2017,
é uma quarta-feira e cá estou com um frio da pleura às 21h resenhando. Mas tem
um ótimo motivo. Eu realmente precisava compartilhar esse livro com vocês.
Eu AMO o Eric Novello. Como pessoa
e como escritor. Então fiquei muito contente quando recebi um e-mail da Diana
da Editora Seguinte avisando que em breve eu receberia a prova do novo livro
dele chamado “Ninguém
nasce herói”.
Sempre quando pego um livro novo sinto aquele
medinho de não gostar ou de não entender o que o autor quis dizer. Sim, às
vezes tenho pra mim, que alguns livros não foram feitos para minha pessoinha. Eu
não sou versada em política. Quando as pessoas começam a discutir sempre chega
ao ápice de se agredirem seja verbalmente ou fisicamente e isso me irrita muito. As pessoas não sabem escutar, só querem que sua opinião seja a "vencedora da discussão". Não que não devemos
falar, pelo contrário. É importantíssimo que seja discutido, ouvido as partes,
filtrado o que é melhor para todos e não para uma minoria (os mais abastados).
Então imagine quando li a
sinopse (gente eu geralmente não leio a sinopse. Vejo a capa, o autor – se eu
gosto dele então... nem vejo mais nada – e só se algo me chamar atenção que
leio, sim sou dessas) e vi que tinha muito sobre política. E este livro traduz
um espaço de tempo que tivemos, que temos e que teremos(?) no Brasil ou porque não
dizer no mundo? Um tempo meio distópico, de algo que poderia vir a acontecer. É
um assunto muito pertinente aos jovens e adultos. A política, a religião, as
crenças, as diferenças e até mesmo as nossas escolhas.
Ninguém nasce herói deveria ser uma leitura
obrigatória em todos os colégios no Brasil, para mostrar o que se pode
acontecer e até mesmo ajudar aqueles que estão passando por alguns momentos
parecidos com as personagens.
Bem, quem são as personagens, Milena?
Temos uma Milena, mas isso não vem ao caso ela não é a
personagem principal... tem um momento importante, mas só rs Vamos conhecer
quem nos acompanhará pela história:
Chuvisco: sim, este é o nome que ele escolheu e
é conhecido por ele. Ele é o nosso protagonista. Chuvisco é um cara que fez
letras, trabalha como tradutor, tem apenas cinco amigos e os ama de paixão. Mataria
um boi por eles.
Meus anos de terapia me ensinaram três coisas: primeiro, tenho uma tendência a tentar controlar situações que não estão sob meu controle; segundo, eu faria qualquer coisa pelos meus amigos, qualquer coisa mesmo; terceiro, minha relação com a realidade é ligeiramente diferente da mantida pelo restante das pessoas. (pág. 8)
Ah! Ele tem “catarses criativas”,
ele enxerga outras realidades. Tartarugas gigantes que causam terremoto,
borboletas, armadura para lutar contra o sistema. Essas coisas.
Pedro: é gay. Debochado. Lindo. Super descolado.
Sou apaixonada por ele. Todo mundo tem um amigo Pedro na vida. Seja ele homem
ou mulher. Ele é aquele que quando está no recinto não te deixa triste. Ele faz
a festa acontecer.
Amanda: meiga, mandona, está estudando para
ser uma documentarista. Gosto dela.
- Quem ele pensa que é pra mexer com meu irmão? A sorte é que tô aprendendo a meditar, senão tinha dado na cara dele.- Essa aí é um exemplo de pessoa zen – diz Cael.- Fez quantas aulas já?- Uma.- Imaginei – comento. (pág. 24)
Cael: ator. Negro. Muito fofo. Super protetor
e irmão de Amanda. Utiliza de seu status como pessoa conhecida para lutar contra
o sistema. Ele mantém um teatro funcionando e vai distribuir livros com
Chuvisco e Amanda.
Gabi: estudante de medicina e ajuda
Chuvisco com algumas questões. Gostei dela. Ela é amiga, protetora, ajuda
pessoas que estão em conflito com suas famílias em uma ONG.
Dudu: te odeio, volta Milena, volta. Pronto,
voltei. Eduardo era amigo de Chuvisco desde a adolescência, mas ele foi tão canalha
que sumiu, desapareceu da sua vida e reapareceu quando uma das meninas o trouxe
para o grupo fingindo não conhecer mais o amigo. Um cara chato pra porra. Mas tem
um papel importante no enredo. Até dou um desconto para ele. Mesmo assim... te
odeio -_-
Junior: menino trans que foi agredido e
Chuvisco o ajuda, com isso o garoto fica louco para saber o paradeiro dele,
pede ajuda para Pedro pra encontrá-lo. Gostei dele, mas me falou algo... não
sei o quê.
Esses são as personagens mais
importantes da trama. Com eles é que acontece toda a aventura.
Chuvisco vai se encontrar com
Amanda e Cael em uma praça para distribuir livros para quem quiser receber. O livro
em questão é o Rani,
de Jim Anotsu. (Sim, este livro realmente existe, adoooooro quando os escritores
nos indicam livros) E os garotos são parados pela polícia, isto é, às 7h da
manhã. Ninguém merece né? O policial começa com graça, fazendo perguntas e
querendo encrenca. A policial que está com ele, já conhece os meninos e até lê
os livros que eles distribuem, consegue fazer com que seu parceiro esqueça a
história e vão embora. Mas claro algo tem que acontecer, não é mesmo? Cael se
estranha com o homem. Só porque é negro. E sua irmã entra na discussão. Amanda
é branca. O policial acha estranho, mas sua parceira faz com eles vão terminar
sua ronda.
Para comemorar eles vão para um
bar chamado Vitrine que fica na Augusta. Lá se encontram com os amigos e assim eles
nos são apresentados. O livro é narrado pela perspectiva de Chuvisco. Nele conseguimos
visualizar as cenas que a personagem nos transmite. Isso é importante, pois já na
saída do bar, ele está levemente alcoolizado e é onde a magia acontece. Chuvisco
escuta um grito de socorro. Ele poderia ter deixado para lá... como todos fazem
neste país, mas ao olhar de onde vem os gritos ele vê homens agredindo um
rapaz.
Junior está caído no chão e
sendo massacrado pela Guarda Branca, um grupo extremista que é contra o diferente.
Gays, lésbicas, trans, negros... já deu pra ter uma ideia de como são. Acredito
que muito parecidos com a KKK (Ku Klux Klan) só que apenas um pouco mais aprimorada.
Eles
têm carta branca do Escolhido (gente vou te
contar uma coisa... se tem uma personagem neste livro que ganha a minha raiva e
o meu ódio é esse. P@#$%&* que homem ridículo. Ele ganhou as eleições e é o
novo presidente. É este senhor que incita que os diferentes não são obras de
Deus e sim do demo). Se parece com algum que você conheça?
(...) desabotoo a camisa, casa por casa, e aperto o botão no meu peito. A estrutura presa nas costas se ativa. Desliza para os braços, reforça a articulação dos cotovelos. Em seguida, envolve minha caixa torácica, acompanhando o desenho das costelas e a curvatura do peito, fechando-se em um anel amarelado na altura do coração. (...) (pág. 62)
Já deu pra perceber que ele é
mega fã de quadrinhos né? Seu terapeuta era o Dr. Charles. O psicólogo estava
numa cadeira de rodas, então imagina o garoto pensando nele como o Charles
Xavier, Dr. X hehe eu me diverti muito com as viagens dele.
Este garoto que ele salva
chama-se Junior e ele some. Desaparece da face da Terra. Chuvisco pede ajuda
para seus amigos, pois quando ele foi defender o garoto, apanhou muito e teve
que ser levado para o hospital. Ai fica se perguntando o que era real e o que
era imaginação?
O que você vai encontrar neste livro?
Relações homoafetivas, relações
héteros, discriminação (fazer o que... o mundo ainda é muito errado),
companheirismo, ajuda ao próximo, amizade, amor e heroísmo. E muitas viagens e
sim... músicas, não podemos esquecer das músicas.
Obrigada Eric por me mostrar o
mundinho do Chuvisco. Eu ri, eu chorei, eu me importei com os amigos e eu
aprendi. Aprendi muito. Acredito que os livros são portadores de janelas para o
aprendizado. Cada livro nos traz uma situação que devemos entender e passar a
diante. Ninguém nasce herói veio em um
momento propício. Por isso, dia 7 corram para as livrarias e já comprem o
livro. Ele merece muito ser lido e discutido.
SERVIÇO:
Título: Ninguém nasce herói
Autor: Eric Novello
Tradutor: Carolina Caires Coelho
ISBN: 978-85-5534-042-0
Assunto: Ficção
norte americana
Páginas: 384
Editora: Seguinte
Nota: 5/5
Sinopse: Num futuro em que o Brasil é liderado por um fundamentalista religioso, o Escolhido, o simples ato de distribuir livros na rua é visto como rebeldia. Esse foi o jeito que Chuvisco encontrou para resistir e tentar mudar a sua realidade, um pouquinho que seja: ele e os amigos entregam exemplares proibidos pelo governo a quem passa pela praça Roosevelt, no centro de São Paulo, sempre atentos para o caso de algum policial aparecer. Outro perigo que precisam enfrentar enquanto tentam viver sua juventude são as milícias urbanas, como a Guarda Branca: seus integrantes perseguem diversas minorias, incentivados pelo governo. É esse grupo que Chuvisco encontra espancando um garoto nos arredores da rua Augusta. A situação obriga o jovem a agir como um verdadeiro super-herói para tentar ajudá-lo — e esse é só o começo. Aos poucos, Chuvisco percebe que terá de fazer mais do que apenas distribuir livros se quiser mudar seu futuro e o do país.
Oi, Milena.
ResponderExcluirVenho acompanhando esse processo de publicação do livro do Eric há um bom tempo e fico feliz que finalmente esteja nas livrarias. Ainda não sei bem se é meu tipo de leitura, mas vou pensar com carinho!
Adorei a sua empolgação com o livro!
Beijos
Camis - blog Leitora Compulsiva
Oi Mi, não li nada do Eric ainda, apesar dos elogios que você sempre faz. Adorei este enredo, e deu para notar inúmeras semelhança com o nosso dia a dia, infelizmente. A mensagem contida no enredo é ótima e verdadeira, até porque ações fazem mesmo a diferença, para o bem e para o mal.
ResponderExcluirBjs Rose