[Resenha] Eu sou Malala - A história da garota que defendeu o direito à educação e foi baleada pelo Talibã
Família reunida no novo lar em Birmingham, Inglaterra. (Photo by Antonio Olmos) |
Olá pessoal! Olha que livro magnífico eu lhes trago hoje! Sim, da
ganhadora do Nobel da Paz 2014, Malala Yousafzai! Com
tantas atrocidades acontecendo no Oriente Médio, achei uma boa hora para falar
desse livro.
Quando
criança, pelo menos um dia, aposto que algum de vocês que está lendo não queria
ir para a escola, acertei? Mas acho que às vezes a gente
dá mais valor para aquilo que não temos do que para o que
temos, pois imagine ter seu direito à educação negada só porque não
há mulheres no livro sagrado (Corão), ser citada não conta, tem que possuir um
capítulo só dela... Absurdo!
A ignorância é o presente que todos que
possuem poder, querem dar a você! Malala vivia
com seus pais e irmãos no Vale do Swat no Paquistão. O Pai de Malala, Ziauddin, aos meus olhos, é um muçulmano diferente de muitos, sonhava em fazer
escolas para meninos e para MENINAS! O que é normal para nós, para outros
é considerado um grande haram (errado ou similar ao pecado para
católicos). Mas mesmo com muitas
dificuldades Ziauddin consegue
realizar seu objetivo.
A Jovem cresceu ao lado do
pai humanitário o que lhe deu asas para
voar. Malala decide então discursar na
escola e fora dela e isso passa a incomodar muitas
pessoas, mesmo assim ela não para!
“Vou proteger sua liberdade, Malala. Pode continuar sonhando”. Pág.77.
Em seu livro Malala descreve c omo o Talibã ganhou poder e o motivo pelo qual Osama
bin Laden conseguiu ficar tanto tempo escondido:
“Alguns religiosos viam Osama bin Laden como um herói. Era possível comprar pôsteres e caixas de doces com a imagem dele no mercado. Esses clérigos admiravam que o ataque de Onze de Setembro fora uma vingança contra os americanos, por aquilo que vinham fazendo com os outros povos do mundo. Mas negligenciavam o fato de que as pessoas do World Trade Center eram inocentes e nada tinham a ver com a política externa americana, e que o Corão Sagrado diz claramente que é errado matar”.
Malala e sua família viviam o vale
do Swat no Paquistão, onde ela se sentia protegida de toda essa
loucura e maldade, mas a paz estava próxima a acabar no vale com a
transmissão do que ela chamava de Mulá FM:
“Eu tinha dez anos quando o Talibã veio para o vale. Moniba (sua melhor amiga) e eu começávamos a ler livros sobre vampiros e queríamos ser como eles. Parecía-nos que os talibãs chegavam à noite, como os vampiros. Eles surgiram em grupos, armados com facas e Kalashnikovs.”
Eles se instalaram no montanhoso norte de
Swat, não se identificavam e nem pareciam como talibãs afegãos que eram vistos
nas fotos com rímel nos cílios e turbantes na cabeça. Eram homens com
aparência esquisita de barbas e cabelos compridos e desgrenhados vestidos com
roupas de camuflagem.
O líder chamava-se Fazlullah e como a maioria das pessoas
no vale eram analfabetas e não possuíam aparelhos de televisão, as informações
chegavam mais facilmente pelo rádio; e a nova estação começou a ser conhecida
como Mulá FM; a própria mãe de Malala, por ser muito religiosa, ouvia a rádio,
assim como outros fiéis, que no começo acreditavam que o locutor era realmente
um bom muçulmano. Porém, ele chegou sorrateiro, se apresentando como um
reformador islâmico e bom intérprete do Corão, mas foi só ganhar simpatia que
ele abriu as asinhas.
O Povo começou a dar dinheiro a ele, outros ouviam suas
mensagens de fúria e ódio e levavam tão a sério que açoitavam pessoas nas ruas,
assassinavam mulheres pecadoras apedrejadas e até deixaram um recadinho no
portão da escola do Ziauddin:
“A escola que o senhor dirige é de linha ocidental e infiel. O senhor educa garotas e elas usam uniformes não islâmicos. Pare com isso, senão terá problemas, e seus filhos haverão de chorar e se lamentar por você."
Tudo
que Ziauddin podia
fazer para prevenir desgraças eles fez, mudou os uniformes dos meninos e
as meninas foram aconselhadas a manter seus cabelos cobertos.
Bem, para não prolongar muito (para não
revelar muito), em uma manhã no final do verão Malala sofre o ataque voltando da
escola para casa:
“ Não vi quando os dois rapazes com lenços amarrados no rosto saíram para a estrada e fizeram o ônibus parar de repente. Não tive chance de responder a pergunta deles ‘Quem é Malala?’. Senão, eu lhes teria explicado por que eles deveriam nos deixar ir a escola ir à escola – Nós, suas irmãs e filhas.”
Malala fica entre
a vida e a morte e para ter o tratamento que
necessitava ela é transferida para Inglaterra, mesmo
que num primeiro momento sem a família, para fazer cirurgias de reconstrução
do nervo facial. Só depois o
pai de Malala conseguiria arrumar sua
documentação para que a família fosse ficar com ela.
No final tudo deu certo. Hoje Malala e sua família moram na Inglaterra e ela
sonha em voltar a pisar em sua terra, porém, enquanto a
ignorância e a corrupção estiverem no poder no não somente do seu país, mas da
maioria dos países do Oriente Médio, esse sonho estará distante de se
realizar.
SERVIÇO:
Título Original: I Am Malala – The Girls
Who Stood Up for Education and Was Shot by the
Taliban
Autor: Malala
Yousafzai com Christina Lamb
Tradutores: Caroline Shang, Denise Bottmann, George Schlesinger e
Luciano Vieria Machado
ISBN: 978-85-359-2343-8
Gênero: Ativistas Políticas - Biografia.
Páginas: 342
Editora: Companhia Das Letras
Nota: 5/5
Estante: Skoob
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