[Resenha] A Escolhida

10:30 Daniele Vintecinco 0 Commentários




Como segundo livro da série O Doador de Memória, A Escolhida traz uma história e uma sociedade bem diferente da obra anterior, agora tudo é mais selvagem e mais brutal e Kira, personagem principal deste volume, terá que sobreviver neste ambiente, que renega os deficientes, justamente o caso da personagem. E nós leitores temos que tentar ligar as duas obras e entender o que está acontecendo.

Em A Escolhida a realidade distópica apresentada é bem diferente daquela de O Doador de Memórias, enquanto em o Doador a sociedade é bem organizada, sem sentimentos ou emoções fortes, totalmente programada e cinza, a Escolhida trás um ambiente totalmente novo e muito mais hostil e primário, a sensação durante a leitura é de algo mais medieval e menos civilizado, as pessoas são bem rústicas e brutas, não estudadas com muita pobreza, fome e sofrimento.

Kira, a personagem principal, é uma garota com uma deficiência em uma perna, e como característica dessa sociedade ela deveria ter sido eliminada logo ao nascer por não ser considerada produtível ou útil para a convivência de todos, porém sua mãe luta pela sobrevivência da filha e consegue mantê-la e com isso ela cresce acaba ajudando as mulheres em uma tecelagem e descobrindo um dom para o bordado. Até que um dia sua mãe morre de uma doença inexplicável e ela se vê sozinha (seu pai tinha morrido há tempos) e com medo de ser expulsa de sua comunidade até que recebe a oferta de restaurar e bordar a túnica do Cantor, em que está guardada toda a história do mundo.

Quando comecei a leitura assumo que meu primeiro pensamento foi “O que é isso??” após um fim repentino do livro anterior essa história começa apresentando personagens e cenários diferentes e eu que esperava uma continuação da trama anterior fiquei perdida por um tempo, mas ai a leitura engrena e ficamos conhecendo mais dessa nova sociedade e de Kira, além de assuntos diferentes que foram abordados, como os dons artísticos que eram usados nessa sociedade, porém em todos os momentos durante a leitura fiquei procurando uma ligação entre os dois livros e quando ela aconteceu foi tão sutil e pequena que poderia ter passado batido. A relação de independência dos livros não me incomoda por si, mas sim que nem este, nem o anterior tiveram um fim conclusivo, a história termina em aberto com todas as pontas soltas ainda a serem resolvidas nos demais livros da série, e é isso que não gosto, a falta de conclusão.

Os personagens nesse livro também são crianças, Kira sempre foi uma párea devido a sua deficiência e por isso teve que aprender a ser forte, porém compensa isso com uma grande ingenuidade, o que é compreensível considerando que toda a sociedade é mantida na ignorância. Thomas apesar também possuir um dom não é tão marcante e em muitos momentos acaba apagado. Matt, o amigo de Kira é o que mais tem destaque, uma criança espoleta e esperta sempre acompanhada de seu cachorrinho, outros personagens são apresentados, porém não possuem grandes espaços na história.

A crítica que tinha no livro Doador de Memórias aparece em A Escolhida muito mais acentuada, ao mostrar uma sociedade distópica Lois Lowry não explora as profundezas dessa sociedade ou os aspectos que formam essa realidade. Porém aqui outro ponto não me agradou, não há explicações ao leitor sobre alguns cenários criados, muitas informações aparecem um pouco “jogadas” na história como, por exemplo, a necessidade do Cantor, sabemos que ele conta a história do mundo uma vez por ano, mas o por que disso não é tratado.

Apesar de não ter gostado muito desse segundo livro e da estrutura que essa série traz em sua elaboração ainda estou curiosa em como essas duas histórias distintas podem se cruzar no futuro.

     Série O Quarteto Doador

2. A Escolhida
3. Messenger
4. Son


SERVIÇO:
Título Original: Gathering Blue
Autor: Lois Lowry
Tradutor: Fabiano Morais
ISBN: 978-85-8041-347-2
Gênero: Distopia – Ficção infantojuvenil americana 
Páginas: 190
Editora: Arqueiro
Nota: 3/5
Estante: Skoob







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