[Resenha] A Escolhida
Como
segundo livro da série O Doador de Memória, A Escolhida traz uma história e uma
sociedade bem diferente da obra anterior, agora tudo é mais selvagem e mais
brutal e Kira, personagem principal deste volume, terá que sobreviver neste
ambiente, que renega os deficientes, justamente o caso da personagem. E nós
leitores temos que tentar ligar as duas obras e entender o que está
acontecendo.
Em
A Escolhida a realidade distópica apresentada é bem diferente daquela de O
Doador de Memórias, enquanto em o Doador a sociedade é bem organizada, sem
sentimentos ou emoções fortes, totalmente programada e cinza, a Escolhida trás
um ambiente totalmente novo e muito mais hostil e primário, a sensação durante
a leitura é de algo mais medieval e menos civilizado, as pessoas são bem
rústicas e brutas, não estudadas com muita pobreza, fome e sofrimento.
Kira,
a personagem principal, é uma garota com uma deficiência em uma perna, e como
característica dessa sociedade ela deveria ter sido eliminada logo ao nascer
por não ser considerada produtível ou útil para a convivência de todos, porém
sua mãe luta pela sobrevivência da filha e consegue mantê-la e com isso ela
cresce acaba ajudando as mulheres em uma tecelagem e descobrindo um dom para o
bordado. Até que um dia sua mãe morre de uma doença inexplicável e ela se vê
sozinha (seu pai tinha morrido há tempos) e com medo de ser expulsa de sua
comunidade até que recebe a oferta de restaurar e bordar a túnica do Cantor, em
que está guardada toda a história do mundo.
Quando
comecei a leitura assumo que meu primeiro pensamento foi “O que é isso??” após
um fim repentino do livro anterior essa história começa apresentando
personagens e cenários diferentes e eu que esperava uma continuação da trama
anterior fiquei perdida por um tempo, mas ai a leitura engrena e ficamos
conhecendo mais dessa nova sociedade e de Kira, além de assuntos diferentes que
foram abordados, como os dons artísticos que eram usados nessa sociedade, porém
em todos os momentos durante a leitura fiquei procurando uma ligação entre os
dois livros e quando ela aconteceu foi tão sutil e pequena que poderia ter
passado batido. A relação de independência dos livros não me incomoda por si,
mas sim que nem este, nem o anterior tiveram um fim conclusivo, a história
termina em aberto com todas as pontas soltas ainda a serem resolvidas nos
demais livros da série, e é isso que não gosto, a falta de conclusão.
Os
personagens nesse livro também são crianças, Kira sempre foi uma párea devido a
sua deficiência e por isso teve que aprender a ser forte, porém compensa isso
com uma grande ingenuidade, o que é compreensível considerando que toda a
sociedade é mantida na ignorância. Thomas apesar também possuir um dom não é
tão marcante e em muitos momentos acaba apagado. Matt, o amigo de Kira é o que
mais tem destaque, uma criança espoleta e esperta sempre acompanhada de seu
cachorrinho, outros personagens são apresentados, porém não possuem grandes
espaços na história.
A
crítica que tinha no livro Doador de Memórias aparece em A Escolhida muito mais
acentuada, ao mostrar uma sociedade distópica Lois Lowry não explora as
profundezas dessa sociedade ou os aspectos que formam essa realidade. Porém
aqui outro ponto não me agradou, não há explicações ao leitor sobre alguns
cenários criados, muitas informações aparecem um pouco “jogadas” na história
como, por exemplo, a necessidade do Cantor, sabemos que ele conta a história do
mundo uma vez por ano, mas o por que disso não é tratado.
Apesar de não ter
gostado muito desse segundo livro e da estrutura que essa série traz em sua
elaboração ainda estou curiosa em como essas duas histórias distintas podem se
cruzar no futuro.
Série
O Quarteto Doador
2. A Escolhida
3. Messenger
4. Son
SERVIÇO:
Título Original: Gathering
Blue
Autor: Lois Lowry
Tradutor: Fabiano Morais
ISBN: 978-85-8041-347-2
Gênero: Distopia – Ficção infantojuvenil
americana
Páginas: 190
Nota: 3/5
Estante: Skoob
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