Filhos do Fim do Mundo
ISBN: 978-85-7734-312-6
Gênero: Ficção Brasileira
Páginas: 352
Editora: Leya
Nota: 5/5
Estante: Skoob
Sinopse: Meia-noite. A notícia se espalha e deixa o
mundo em pânico: todos os bebês recém-nascidos e de menos de 1 ano de idade morrem
misteriosamente. Como se não bastasse, a informação sobre plantas e animais
mortos também se espalha.
Agora, todos se deparam com a promessa de escassez e o inevitável pensamento de que o fim da humanidade está próximo. Rodeado por desanimadoras notícias está o Repórter, convocado pelo único jornal em circulação para cobrir as revoltas populares que desencadearam uma verdadeira guerra civil. Em meio a tanto ódio, ele só tem uma missão em mente: atrasar ao máximo o parto da esposa na esperança de evitar a morte do próprio filho.
Comentários:
Bonjour Anges!
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Eu, Josy e Fábio M. Barreto |
No meio daquela mesma
semana, aconteceu o "Bota Fora" para o autor, já que ele estava para
voltar para Los Angeles, onde vive com a família, e só retornará ao Brasil em
2014. E nesse dia, a simpatia dele novamente me contagiou. Ele falou um pouco
sobre como trabalha e foi super gentil a não dar spoiler a quem não os queria.
No momento, era a Anjinho Milena que estava lendo o livro, pois ela
simplesmente o "sequestrou" para ler quando o comprei, pois a
narrativa dele a fisgou logo de cara.
Comecei a leitura no
dia 17/09, meu aniversário, e como sei que em 18/09 é o aniversário do Fabio,
resolvi fazer disso uma espécie de homenagem a ele. Parece bobo, mas me motivou
a ler algo mais denso e sério depois da sessão de YA e Chick-Lit que eu vinha
lendo.
Logo de cara a
Apresentação do Junrandir Filho e o Prefacio do Affonso Solano são simplesmente
fantásticas e instigantes. São um verdadeiro aquecimento para o inicio da
leitura. Sério, reli algumas vezes, pois os textos fazem pensar não apenas no
contexto do livro, mas no mundo em que vivemos. É de arrepiar.
A primeira coisa que
mais chama a atenção do leitor é o fato de que os personagens não têm nomes ou
descrições muito especificas, e os lugares também não tem nome. Isso é super
curioso e me fez lembrar o bate papo com
autor, que disse que sua intenção era fazer com que essa historia se encaixasse
em qualquer lugar do mundo, acontecendo com qualquer pessoa e em qualquer
tempo. E sério, essa ideia é simplesmente genial e fantástica. Não fica preso a
uma condição. Se algum indiano ler o livro, pode associar os cenários da
história com os locais onde vive. Eu mesma, ao ler, visualizei muito a região
central de São Paulo como palco e todo o horror. Isso faz a experiência de
leitura ser ainda mais vívida.
O enredo do livro é
algo curioso e terrível. Depois da meia-noite, do dia em que muitos diziam que
seria o fim do mundo, simplesmente todas as crianças com menos de um ano
simplesmente morrem. E com o decorrer do tempo descobrem que os bebês que
nasceram após essa meia-noite também acabaram falecendo poucos minutos depois
sem nenhuma explicação aparente. Pra piorar ainda mais a situação, não foi
apenas a espécie humana a afetada, mas todos os seres vivos, de insetos à
plantas com menos de 1 ano de idade também morreram. Isso só significa uma
coisa: o fim da esperança de um futuro pra humanidade, pois sem os pequenos,
não haverá alimento, nem pessoas.
Assim, um plano do
governo começa a ser colocado em prática, onde a internet e os meios de
comunicação são cortados para tentar amenizar os danos causados por boatos sem
fundamento, e praticamente toda a notícia será impressa. Apenas um meio
televisivo se manterá ativo e é justamente um Repórter dessa emissora que é o
grande protagonista desse enredo. Tendo uma esposa perto de dar a luz, o
Repórter sai à caça de respostas, tentando com isso salvar a vida de seu
filhinho.
Com o enredo em mente
eu comecei a temer fazer essa resenha. Não por achar o livro ruim, LONGE disso,
mas esse é um livro que não se pode falar muito sobre os acontecimentos, ele é
extremamente sensorial, e qualquer informação a mais pode estragar o clima que
envolve o leitor. Sério, em alguns momentos da leitura o desespero das pessoas é tão contagiante que
me peguei arfando e tremendo, temendo o que quer que iria acontecer dali pra
frente.
Também passei muita
raiva por algumas pessoas ter uma cabeça tão pequena e estar preocupadas com
coisas fúteis enquanto o mundo que se conhece está simplesmente desabando sobre
suas cabeças. Essa crítica à algumas situações foi bem escancarada, talvez com
a intenção de mostrar toda a inversão de valores que nossa geração tem
vivenciado. O que faz pensar que deixamos uma parte humana e sensível morrer
com a evolução.
O Repórter vê tantas
coisas, e a forma como ele vê o mundo agora que será pai o faz se tornar um
personagem impossível de não se gostar. Ele é muito humano, tem sua
imperfeições, seus acessos de raiva, de medo e disso tira a força para se
manter em foco. Mesmo que ele não fosse o protagonista, chamaria muito a
atenção com essas características.
Viciada em distopias
como estou, é impossível ler um livro do gênero e não fazer certo tipo de
perguntas ou comparações com outros livros do gênero. Uma das perguntas
clássicas, se não a primeira que faço, é sobre o tipo de catástrofe aconteceu,
em seguida me pergunto sobre como isso influenciou a criação do novo governo
que se estabeleceu no mundo. No caso de Filhos do Fim do Mundo, eu me vi num
novo, se é assim que posso me referir, formato de distopia, pois aqui a catástrofe
está começando e se desenrolando, e mostra todo o caos antes que qualquer forma
nova de governo possa aparecer, mostrando todo o desespero da queda de um
império e da organização mundial. E isso é incrível de se acompanhar, pois
nutre a curiosidade sobre o que aconteceu de tão grave para chegar a um ponto
tão lamentável.
Outra pergunta que
sempre me faço é como o amor, o romance, pode surgir em meio a toda essa
adversidade, geralmente nas distopias juvenis, esse chega a ser o foco
principal. Mas, em Filhos do Fim do Mundo a graça é o fato de ser um romance
maduro. O Repórter tem sua Esposa e o amor dos dois não começou em meio ao
caos, mas sim sobreviveu a ele. O conflito de estar feliz por estarem juntos,
mas tristes porque não veem esperança para o filho que está prestes a nascer,
faz com que o Repórter seja um dos personagens com quem mais nos conectamos.
Outros tipos de amor aparecem em cena de forma até sútil: o Padre, que relembra
da época na faculdade onde que já foi apaixonado pela Esposa do Repórter; o
Médico, apaixonado pela sua profissão de obstetra e que vê sua realização em
trazer novas vidas ao mundo indo por água abaixo; o Governador que vê o mundo
não perfeito, mas seguro, ruindo e se preocupa com a Primeira-Dama e sua
filhinha. Amores que resistem em meio ao inferno que se instala ao redor, sufocando
qualquer tipo de razão.
Esse é outro ponto
interessante, ver pessoas normais perdendo a sanidade e lutando às cegas,
desesperadas por achar a verdade que as livrará de todo o mal, uma cura que
devolverá a paz e a vida. É muito louco ver como uma guerra civil se forma. E
um detalhe importante abordado é o peso que os meios de comunicações têm para
fazer com que uma pequena informação vire uma luta por uma verdade que talvez
nem exista.
O final foi meio
surreal... Aliás, foi meio real demais. Mas, me deixou sentida, MUITO sentida.
Fora isso, meu lado mais lógico sentiu falta de algumas explicações e um
epílogo mais abrangente. Sei que o foco era todo pro Repórter, mas mesmo assim,
fez falta. Isso deixa aquele gostinho de história não terminada e a curiosidade
permanece.
Enquanto eu lia, acabei
tendo um acesso de riso, não por conta da história. Vejam minha situação: da
noite pro dia deu pane no Speedy (pra variar), isso associado a uma vizinha que
amanheceu morta (sei, isso não tem graça nenhuma, mas pensem no contexto) me
deu arrepios e enfim, me fez cair na risada, de uma forma meio nervosa... Será
que o Fim do Mundo descrito no livro está para acontecer e não sabemos??
Pra quem teve experiências
ruins com Sci-Fi ou não conhece muito bem o gênero e, até mesmo pra quem tem
preconceito, achando que só nerd pode gostar de Ficção Científica, recomendo a
leitura desse livro. A narrativa envolvente e o toque humano dos personagens
fazem dessa distopia/ ficção cientifica, um dos meus livros favoritos dos
últimos tempos. E o eu me dá o maior orgulho é saber que é um livro nacional.
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