Filhos do Fim do Mundo

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Autor: Fábio M. Barreto
ISBN: 978-85-7734-312-6
Gênero: Ficção Brasileira
Páginas: 352
Editora: Leya
Nota: 5/5
Estante: Skoob
Onde comprar: Saraiva / Cultura / Submarino

Sinopse: Meia-noite. A notícia se espalha e deixa o mundo em pânico: todos os bebês recém-nascidos e de menos de 1 ano de idade morrem misteriosamente. Como se não bastasse, a informação sobre plantas e animais mortos também se espalha.
Agora, todos se deparam com a promessa de escassez e o inevitável pensamento de que o fim da humanidade está próximo. Rodeado por desanimadoras notícias está o Repórter, convocado pelo único jornal em circulação para cobrir as revoltas populares que desencadearam uma verdadeira guerra civil. Em meio a tanto ódio, ele só tem uma missão em mente: atrasar ao máximo o parto da esposa na esperança de evitar a morte do próprio filho.



Comentários:

Bonjour Anges!


Eu, Josy e Fábio M. Barreto
No dia 27 de Julho de 2013 foi o lançamento de Feérica da Carolina Munhóz na FNAC da Avenida Paulista. Eu, como boa fã, não poderia deixar de ir. E foi aí que descobri que o Fábio M. Barreto estaria presente. Não pensei duas vezes e comprei o livro. Lembrei que no lançamento do mesmo, o autor não pôde estar presente e eu não queria perder a oportunidade de conhecê-lo e pegar um autografo. Logo de cara ele já me ganhou pela simpatia, mesmo cansado por ter passado praticamente a noite em claro por conta de questões pessoais, Fábio conversou um bom tempo, sempre com um sorriso no rosto. E depois que eu descobri que ele fazia aniversário um dia depois de mim (lembre-se, curto muito Astrologia...) fiquei ainda mais interessada no livro.


No meio daquela mesma semana, aconteceu o "Bota Fora" para o autor, já que ele estava para voltar para Los Angeles, onde vive com a família, e só retornará ao Brasil em 2014. E nesse dia, a simpatia dele novamente me contagiou. Ele falou um pouco sobre como trabalha e foi super gentil a não dar spoiler a quem não os queria. No momento, era a Anjinho Milena que estava lendo o livro, pois ela simplesmente o "sequestrou" para ler quando o comprei, pois a narrativa dele a fisgou logo de cara.

Comecei a leitura no dia 17/09, meu aniversário, e como sei que em 18/09 é o aniversário do Fabio, resolvi fazer disso uma espécie de homenagem a ele. Parece bobo, mas me motivou a ler algo mais denso e sério depois da sessão de YA e Chick-Lit que eu vinha lendo.

Logo de cara a Apresentação do Junrandir Filho e o Prefacio do Affonso Solano são simplesmente fantásticas e instigantes. São um verdadeiro aquecimento para o inicio da leitura. Sério, reli algumas vezes, pois os textos fazem pensar não apenas no contexto do livro, mas no mundo em que vivemos. É de arrepiar.

A primeira coisa que mais chama a atenção do leitor é o fato de que os personagens não têm nomes ou descrições muito especificas, e os lugares também não tem nome. Isso é super curioso e  me fez lembrar o bate papo com autor, que disse que sua intenção era fazer com que essa historia se encaixasse em qualquer lugar do mundo, acontecendo com qualquer pessoa e em qualquer tempo. E sério, essa ideia é simplesmente genial e fantástica. Não fica preso a uma condição. Se algum indiano ler o livro, pode associar os cenários da história com os locais onde vive. Eu mesma, ao ler, visualizei muito a região central de São Paulo como palco e todo o horror. Isso faz a experiência de leitura ser ainda mais vívida.

O enredo do livro é algo curioso e terrível. Depois da meia-noite, do dia em que muitos diziam que seria o fim do mundo, simplesmente todas as crianças com menos de um ano simplesmente morrem. E com o decorrer do tempo descobrem que os bebês que nasceram após essa meia-noite também acabaram falecendo poucos minutos depois sem nenhuma explicação aparente. Pra piorar ainda mais a situação, não foi apenas a espécie humana a afetada, mas todos os seres vivos, de insetos à plantas com menos de 1 ano de idade também morreram. Isso só significa uma coisa: o fim da esperança de um futuro pra humanidade, pois sem os pequenos, não haverá alimento, nem pessoas.

Assim, um plano do governo começa a ser colocado em prática, onde a internet e os meios de comunicação são cortados para tentar amenizar os danos causados por boatos sem fundamento, e praticamente toda a notícia será impressa. Apenas um meio televisivo se manterá ativo e é justamente um Repórter dessa emissora que é o grande protagonista desse enredo. Tendo uma esposa perto de dar a luz, o Repórter sai à caça de respostas, tentando com isso salvar a vida de seu filhinho.

Com o enredo em mente eu comecei a temer fazer essa resenha. Não por achar o livro ruim, LONGE disso, mas esse é um livro que não se pode falar muito sobre os acontecimentos, ele é extremamente sensorial, e qualquer informação a mais pode estragar o clima que envolve o leitor. Sério, em alguns momentos da leitura  o desespero das pessoas é tão contagiante que me peguei arfando e tremendo, temendo o que quer que iria acontecer dali pra frente.

Também passei muita raiva por algumas pessoas ter uma cabeça tão pequena e estar preocupadas com coisas fúteis enquanto o mundo que se conhece está simplesmente desabando sobre suas cabeças. Essa crítica à algumas situações foi bem escancarada, talvez com a intenção de mostrar toda a inversão de valores que nossa geração tem vivenciado. O que faz pensar que deixamos uma parte humana e sensível morrer com a evolução.

O Repórter vê tantas coisas, e a forma como ele vê o mundo agora que será pai o faz se tornar um personagem impossível de não se gostar. Ele é muito humano, tem sua imperfeições, seus acessos de raiva, de medo e disso tira a força para se manter em foco. Mesmo que ele não fosse o protagonista, chamaria muito a atenção com essas características.

Viciada em distopias como estou, é impossível ler um livro do gênero e não fazer certo tipo de perguntas ou comparações com outros livros do gênero. Uma das perguntas clássicas, se não a primeira que faço, é sobre o tipo de catástrofe aconteceu, em seguida me pergunto sobre como isso influenciou a criação do novo governo que se estabeleceu no mundo. No caso de Filhos do Fim do Mundo, eu me vi num novo, se é assim que posso me referir, formato de distopia, pois aqui a catástrofe está começando e se desenrolando, e mostra todo o caos antes que qualquer forma nova de governo possa aparecer, mostrando todo o desespero da queda de um império e da organização mundial. E isso é incrível de se acompanhar, pois nutre a curiosidade sobre o que aconteceu de tão grave para chegar a um ponto tão lamentável.

Outra pergunta que sempre me faço é como o amor, o romance, pode surgir em meio a toda essa adversidade, geralmente nas distopias juvenis, esse chega a ser o foco principal. Mas, em Filhos do Fim do Mundo a graça é o fato de ser um romance maduro. O Repórter tem sua Esposa e o amor dos dois não começou em meio ao caos, mas sim sobreviveu a ele. O conflito de estar feliz por estarem juntos, mas tristes porque não veem esperança para o filho que está prestes a nascer, faz com que o Repórter seja um dos personagens com quem mais nos conectamos. Outros tipos de amor aparecem em cena de forma até sútil: o Padre, que relembra da época na faculdade onde que já foi apaixonado pela Esposa do Repórter; o Médico, apaixonado pela sua profissão de obstetra e que vê sua realização em trazer novas vidas ao mundo indo por água abaixo; o Governador que vê o mundo não perfeito, mas seguro, ruindo e se preocupa com a Primeira-Dama e sua filhinha. Amores que resistem em meio ao inferno que se instala ao redor, sufocando qualquer tipo de razão.

Esse é outro ponto interessante, ver pessoas normais perdendo a sanidade e lutando às cegas, desesperadas por achar a verdade que as livrará de todo o mal, uma cura que devolverá a paz e a vida. É muito louco ver como uma guerra civil se forma. E um detalhe importante abordado é o peso que os meios de comunicações têm para fazer com que uma pequena informação vire uma luta por uma verdade que talvez nem exista.

O final foi meio surreal... Aliás, foi meio real demais. Mas, me deixou sentida, MUITO sentida. Fora isso, meu lado mais lógico sentiu falta de algumas explicações e um epílogo mais abrangente. Sei que o foco era todo pro Repórter, mas mesmo assim, fez falta. Isso deixa aquele gostinho de história não terminada e a curiosidade permanece.

Enquanto eu lia, acabei tendo um acesso de riso, não por conta da história. Vejam minha situação: da noite pro dia deu pane no Speedy (pra variar), isso associado a uma vizinha que amanheceu morta (sei, isso não tem graça nenhuma, mas pensem no contexto) me deu arrepios e enfim, me fez cair na risada, de uma forma meio nervosa... Será que o Fim do Mundo descrito no livro está para acontecer e não sabemos??

Pra quem teve experiências ruins com Sci-Fi ou não conhece muito bem o gênero e, até mesmo pra quem tem preconceito, achando que só nerd pode gostar de Ficção Científica, recomendo a leitura desse livro. A narrativa envolvente e o toque humano dos personagens fazem dessa distopia/ ficção cientifica, um dos meus livros favoritos dos últimos tempos. E o eu me dá o maior orgulho é saber que é um livro nacional.


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